Medo de represálias afasta testemunhas
Hugo Ernano foi condenado a nove anos de prisão pela morte de adolescente de 13.
O militar da GNR não perde a esperança de ser absolvido no processo.
Hugo Ernano não perde a esperança de ser absolvido no processo em que foi condenado a nove anos de prisão efetiva.
Ao tentar evitar a fuga de três assaltantes em Santo Antão do Tojal, Loures, em 2008, o militar acabou por matar um jovem de 13 anos que seguia na carrinha com o pai, evadido da cadeia de Alcoentre, onde cumpria pena por roubos e tortura a idosos.
Em outubro de 2013, os juízes deram como provado o crime de homicídio com dolo eventual.
O recurso já seguiu para o Tribunal da Relação de Lisboa e a decisão poderá sair em breve.
Pelo tribunal passaram várias testemunhas, mas poucas contaram o que realmente se passou naquela tarde de agosto de 2008.
A defesa de Hugo Ernano considera que algumas testemunhas podem ter sido ameaçadas e coagidas para não falar.
"Temos a certeza de que muitas testemunhas não aceitaram ir a tribunal com medo de represálias", diz ao CM o advogado Ricardo Vieira, que defende Hugo Ernano desde o início.
"Há um vídeo amador que passou por várias televisões em que se veem imensas pessoas à volta da carrinha e até do jovem que estava caído no passeio.
Dessas pessoas, ninguém quer falar, situação que está documentada no processo."
Sandro Lourenço, o pai que levou o filho para o assalto, era conhecido na zona.
Quase toda a gente sabia que o homem, agora com 35 anos, fugia à Justiça e era violento.
Em 1995 foi condenado e em 2000 fugiu.
Até 2008, andou à solta e usou sempre a identidade do irmão. Chegou a escapar a uma patrulha da GNR, com o nome de José Júlio.
"in" Correio da Manhã